Comentar a segunda rodada do Brasileirão, depois de mais um show do Barcelona, faz o nosso futebol parecer sem graça.A turma de Lionel Messi transformou o grande Manchester United num time de várzea, encurralado e sem ação, tamanha sua superioridade. O craque argentino dispensa comentários. Terminou como artilheiro da Champions League, com 12 gols em 13 jogos, e mais de 50 na temporada inteira. Na comparação inevitável, talvez ele até seja melhor do que foi Maradona, mas ainda falta uma Copa do Mundo para provar.
O detalhe, porém, é que o Barcelona não se resume a Messi. Os craques se multiplicam em campo. O que dizer do passe de Xavi para o gol de Pedro? E o golaço de Villa, hein? Sem contar Iniesta, Piqué, Busquets, Daniel Alves e por aí vai. Com certeza é o melhor time que a minha geração viu jogar até hoje.
Voltando à realidade...
Ainda levará um tempo para se saber do que a dupla Gre-Nal é capaz neste Brasileirão. O Grêmio venceu, mas com um gol contra e passando sufoco para segurar o resultado no segundo tempo. Já o Inter voltou a decepcionar, perdendo em casa para o Ceará e deixando escapar a chance de uma boa arrancada.
O Grêmio é um time remendado, com vários lesionados e ainda sem reforços à disposição. A tônica da superação, que se viu ontem, será uma constante até Renato poder contar com todo o plantel à disposição e fechado. O grupo atual é deficiente, mas a esperança de futuro é positiva. As contratações feitas até agora são interessantes – pelo menos no papel. Portanto, qualquer análise mais profunda não é adequada pela falta de consistência.
No Inter, o problema é outro. O grupo é qualificado, mas parece viciado pela continuidade. Com pouco mais de um mês de trabalho, Falcão já sente o peso da dificuldade para implantar suas boas ideias de futebol. Como disse um amigo meu, “o problema do Falcão é que ele acha que todo jogador é inteligente como ele era”. Concordo com a afirmação. Porém, mais do que isso, penso que Falcão é um teórico que ficou muito tempo longe da prática e que pode ser vitimado pela realidade do futebol de resultados.
Já virou rotina nos últimos anos. O Brasileirão começa morno, sem nenhuma equipe que desponte como grande favorita ou com uma atuação de luxo que possa preocupar os demais rivais. 
Como era de se esperar, o Internacional sentiu mais o baque pela eliminação na Libertadores da América, enquanto que o Grêmio, surpreendentemente, talvez tenha feito sua melhor atuação na temporada. Foi um Gre-Nal aberto, com várias situações de gol, principalmente no primeiro tempo. A vitória tricolor foi mais do que justa e a diferença de apenas um gol saiu barato para o Inter.
Paulo Sant’Ana escreveu dias atrás que a droga da esperança ilude e mata. No caso do futebol, é alimentada pela paixão, que cega o amante e distorce sua noção de realidade.
O Inter tem um grupo superior e o Gauchão merece mais dois clássicos para decidir o título. Os colorados dominaram a maior parte do Gre-Nal deste domingo, mas não tiveram conclusões a gol na mesma proporção do tempo de posse de bola.