Pitter Ellwanger
Jorge Fossati tinha razão. O Inter está realmente um degrau acima do maior rival. Apesar de muitas vezes consagrar o imponderável, é preciso admitir que o futebol obedece certa lógica cartesiana. Prova disso é que dos últimos cinco clássicos, o Inter venceu quatro e o Grêmio só um. A recente superioridade colorada é inquestionável. Mas o que fica deste primeiro Gre-Nal?
O Inter parece estar no caminho certo. O Gauchão até pode maquiar a realidade, mas os colorados não tem porque duvidar da evolução da sua equipe, que mantém a base sólida das últimas temporadas. A exigência da Libertadores é infinitamente maior, principalmente no confronto com os clubes brasileiros. É bom lembrar, no entanto, que em 2006 o time de Abel Braga também estava longe de ser favorito. A consagração veio no decorrer dos jogos. Detalhe: quando era favorito em 2007, caiu na 1ª fase.
Além disso, Jorge Fossati já mostrou que tem competência e estrela. A convicção talvez seja sua maior virtude. O novo técnico colorado expõe com clareza suas ideias sobre futebol e dispõe de um grupo de jogadores afinado com sua proposta de trabalho. Ou seja, o caminho parece muito bem traçado.
Já o Grêmio, repetindo sua história recente, passa por um processo de reformulação a cada início de temporada. A direção agiu bem, contratou rápido, trouxe reforços interessantes, mas não teve como evitar a perda de jogadores da base montada no ano passado, como Maxi López, Réver e Douglas Costa. E isso, querendo ou não, dificulta a sequência do trabalho, pois exige uma readaptação, com a experimentação de novas alternativas.
O técnico Silas já mostrou que tem competência, mas deve lembrar que o Grêmio não é o Avaí. A diferença para um grande clube não é apenas estrutural. O desenvolvimento de um bom trabalho passa pela definição do esquema tático. Essa história de montar a equipe de acordo com o adversário não funciona. E talvez aí resida o maior pecado de Silas até agora.
Apesar de não ter ido mal no Gre-Nal, o Grêmio ainda parece sem rumo. Neste aspecto, mesmo sendo uma notícia ruim, a lesão de Souza pode acabar facilitando a vida do treinador.